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quarta-feira, 23 de maio de 2012

HERRERA E OS JOÕES-BOBOS

Sei que hoje é quarta. Que já faz quase 72 horas do acontecido, mas não queria deixar de comentar a atitude emblemática do nosso herói na partida de domingo.

O Botafogo é o time da contestação. O Botafogo é o time que abandonou uma Liga e fundou outra por achar que um atleta seu estava sendo injustiçado. O time onde jogou Afonsinho e sua brava luta pelo fim da Lei do Passe. Time do comunista João Saldanha. Time que ficou os anos de chumbo da ditadura militar, sem ganhar um título.

Isso tudo torna mais louvável a atitude de Herrera. Mesmo sem saber qual o exato motivo que levou o nosso argentino a não pedir a musiquinha no Fantástico, o simbolismo do ato fala por si só. É a luta contra a tentativa de transformar o futebol em entretenimento. O torcedor de um time, não quer espetáculo, jogo bonito e outros termos. Ele quer ver seu time suando sangue pela vitória. Melhor se for com jogo ofensivo, com jogadas bonitas, mas isso nem de longe é fator primordial.


Essa vibração é o que a gente quer!

Mas pior do que apenas descrever o futebol como entretenimento, é transformar as trasmissões e programas esportivos em verdadeiros espetáculos circenses. Não sei aonde começou essa onda. Sei que hoje ela impregna tudo referente ao futebol na nº 1 de audiência. É a dancinha do João Sorrisão, são os gols da rodada cheios de gracinha e humor duvidoso do Tadeu Schmit, é Tiago Leifert e sua felicidade irradiante e irritante, é a musiquinha no Fantástico, são os videos dos telespectadores durante o jogo. É a "Neymarização" do futebol como um todo.

Porque sim, se a Globo faz esse circo todo com o futebol, tem em Neymar seu (ainda que não intencional) garoto-propaganda. Apesar do belíssimo futebol apresentado, Neymar e suas dancinhas, seu cabelo, suas participações em videoclipes atraem tudo, menos torcedores autênticos e genuínos do velho e violento esporte bretão.

Herrera e o seu "que música?" e "não, nenhuma" é a antítese disso, sim o argentino não tem nem 5% do talento do Neymar com a bola nos pés. Mas parece gostar muito mais de futebol do que o atacante santista.

Que a atitude do Herrera tenha apenas iniciado uma guerra contra o tratamento de joão-bobo que Rede Globo tem com jogadores, treinadores e torcedores.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

E NINGUÉM CALA...

Pode parecer clichê, pode parecer papo de livro motivacional, pode parecer Poliana, mas a verdade é uma só: para o torcedor botafoguense não resta outra coisa além de acreditar. Ninguém tem que ter certeza da conquista do título, mas sim acreditar que ele é possível. O papel do torcedor é esse, acreditar só na boa, só quando a vantagem e o favoritismo estão do nosso lado é um caminho muito fácil. E caminho fácil nada tem a ver com o Botafogo.

O sentimento ontem ao sair do estádio era de incredulidade, procurava o chão aonde pisar, cheguei em casa e não quis ver nada de esportes na TV, ler nada sobre esportes na internet. Queria esquecer por algumas horas que sou um torcedor obstinado e aficionado. Até vir a lembrança de que vivi momentos muito mais difíceis e duros do que uma simples derrota num dos jogos da decisão. E que nunca esmoreci. Muito pelo contrário.

Na minha adolescência, vi meu time ser rebaixado, vi meu time passar longos 8 anos sem chegar sequer as finais do Carioca, vi meu time ser eliminado sistematicamente pelo Americano e isso numa fase de vida muito difícil para qualquer torcedor que é a adolescência, a fase de afirmação da paixão. Ali eu poderia ter virado um botafoguense apenas para constar, que não acompanha o time, que não vai no estádio e nem se mete em discussão. Porém, muito pelo contrário ali que foi fortalecido minha aliança com aquela camisa preta e branca.

E nessa minha aliança não cabe espaço para uma decepção durar muito tempo, até porque outras batalhas estão sempre por vir, tem outro jogo, outra competição na quarta. E tem mais 90 minutos dessa decisão para jogarmos no domingo, óbvio que o mais provável é não conquistarmos o título. Mas que é possível, sim isso é.

Só espero que seja qual for o resultado de domingo, os arautos apocalípticos não comecem a querer queimar nomes na fogueira alvinegra. O trabalho foi bem feito e não é por um único resultado negativo (o primeiro do ano) é que se deve jogar todo o restante fora.

Até quarta.

Quero muito que isso seja verdade novamente