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terça-feira, 20 de setembro de 2011

O ENGENHÃO E OS OUTROS

Vejo muitos irmãos de camisa reclamando da gestão do nosso estádio pela atual direção alvinegra. Pessoas reclamando das cores das cadeiras, da utilização dele pelos times rivais ou até da realização de shows.

Acho um bom debate, discutir a mercantilização do futebol como um todo, o jogador-patrimônio, as camisas-outdoors e os preços abusivos do ingresso. Essa é uma discussão que envolve todo o negócio futebol. Agora, entendendo que futebol também é um negócio e que movimenta muito dinheiro, a discussão sobre o uso do Engenhão me parece banal.

Sou um grande admirador do Engenhão, estádio com que estabeleci uma relação de afeto maior do que com o Maracanã da minha infância. Muito por conta dele ser a casa do Botafogo: as "casas" anteriores (Caio Martins, Arena da Ilha) não podiam causar tamanho sentimento e o velho Maraca sempre foi a casa de todos. Além de ser um belo e confortável estádio.

Desde que o Botafogo assumiu o estádio sabia que ele não seria viável economicamente se só abrigasse jogos do Botafogo, muito pelo não comparecimento em massa da torcida em todos os jogos (isso é da cultura do futebol no Brasil, torcedor só enche quando o time está na boa ou em datas especiais. Excluindo alguns fenômenos como as torcidas do Nordeste).

Sendo assim é imperioso criar novas fontes de renda com o estádio.

Receber jogos dos rivais: Alguns botafoguenses xiitas reclamam que Fluminense e Flamengo foram campeões no estádio. Outros que o Botafogo não tocou o hino do clube quando o mando era do Fluminense. Acho desproporcional. Foi bastante positivo para o Botafogo quando do fechamento do Maracanã, que Flamengo e Fluminense resolvessem mandar os seus jogos lá. Poderia ser diferente. Nas outras obras do Maracanã, não existia o Engenhão e sempre existiu uma opção (Volta Redonda, estádio da Portuguesa, etc). Sendo assim, os caras tem que ser tratados como clientes quando pagam aluguel para jogar no nosso estádio. Assim é a relação de consumo. Nada desse papo de "se não está gostando vai jogar no Aterro". Não. Nós temos que querer que eles joguem aqui. É bom para os cofres do clube e bom para o estádio que passa a receber mais gente e fazendo parte do dia a dia do carioca, tão acostumado a rotina do Maracanã. O que viabiliza o segundo ponto.

Realização de shows: O Engenhão demorou a entrar na rota dos grandes shows da cidade, muito em função do distanciamento e do desconhecimento do carioca com relação ao estádio. Entendo que com a maior quantidade de jogos, logo com a maior quantidade de pessoas conhecendo tanto o estádio como os acessos a ele, vira uma ótima opção para grandes eventos musicais. O show do Paul foi uma prova disso e os do Justin Bieber também devem ser. Estimativas dão conta de que o que o Botafogo arrecada num show como esse é equivalente há mais de 10 jogos do time. Logo é um ativo do qual não podemos abrir mão, mesmo que possa causar um contratempo ou outro.

As malditas cadeiras vermelhas:  O antigo presidente Bebeto de Freitas dizia que o Botafogo precisava de um estádio por dois motivos: 1) venda de carnês para toda a temporada (o nosso Sócio Torcedor) e 2) para ganhar receita com publicidade: placas de campo, etc. Enfim temos o nosso estádio, a receita com as placas e com todo o tipo de propaganda no estádio são nossas. Daí surge a oportunidade de ganharmos um valor bastante relevante, maior que o arrecadado anteriormente com a toda a propaganda do estádio, em troca de customizar 2 dos 6 setores do estádio com a marca de uma cerveja. Aí aparecem os defensores da moral e dos bons-costumes alvinegros para dizer que isso é indecente, uma vergonha, que o estádio deve ser preto e branco, etc. Daí eu me pergunto: porquê? Existe algo que seja mais símbolo do Botafogo do que a sua camisa listrada alvinegra? Não. Ela está aí há mais de 100 anos representando o nosso clube, e aceitamos, ainda que a contragosto ela ter uma mancha verde da Seven-Up ou amarela do Guaraviton em troca dos caraminguás. O Engenhão que é nosso apenas desde 2007, não pode ter uma "mancha" vermelha. Pera lá. É muito barulho por nada.


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